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SAÚDE

Por que a Hipertensão aumenta o Risco de Complicações do Coronavírus?

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Portadores de pressão alta (e diabetes) integram o grupo de risco da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus. Entenda o porquê

A primeira morte confirmada no Brasil por Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), é a de um homem de 62 anos com hipertensão e diabetes, em São Paulo. E portadores de ambas as doenças integram o grupo de risco para desenvolver sintomas mais graves após a infecção, segundo estudos chineses compilados em um artigo publicado no renomado periódico The Lancet.

Em um dos trabalhos, feito com mais de mil pacientes, dos 173 que foram acometidos de maneira severa pela Covid-19, 23% tinham pressão alta e 16%, diabetes. Em outro, de 140 internados por causa da Covid-19, 30% possuíam hipertensão e 12%, a glicemia cronicamente elevada.

Como já abordamos o diabetes neste link, é hora de nos concentrarmos na pressão alta. Antes de tudo, sabe-se que portadores de doenças crônicas estão em maior risco de contraírem vírus que acometem os pulmões (como o influenza, da gripe) e sofrem mais com as complicações dessas infecções. No caso da hipertensão, há uma teoria extra: a de que os medicamentos para pressão alta favoreceriam a ação do novo coronavírus.

“Para infectar as células, o Sars-Cov-2 utiliza a enzima conversora de angiotensina 2, chamada de ECA-2, presente nas células de pulmão, rins e outros órgãos. E alguns remédios usados pelos hipertensos elevam o nível dessas enzimas, o que poderia facilitar a replicação do vírus”, explica a cardiologista Ludhmila Abrahão Hajjar, diretora de Ciência, Tecnologia e Inovação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Mas, atenção: não está, nem de perto, provado que os fármacos ajudariam a provocar complicações. Nos estudos que associaram a hipertensão a mais mortes pelo novo coronavírus, os cientistas sequer se concentraram no tipo de medicamento — ou mesmo se eles vinham sendo administrados corretamente.

“É provável que os pacientes com a pressão arterial descontrolada, ou que já tenham algum problema por conta dela, estejam mais em risco”, reforça o infectologista Francisco Ivanildo, da Sociedade Paulista de Infectologia.

Ou seja, não é para abandonar o tratamento por causa do novo coronavírus. “Esses remédios são fundamentais para tratar hipertensão e insuficiências cardíaca, então não podemos recomendar a suspensão baseados apenas em hipóteses”, destaca Ludhmila.

A SBC recomenda que o tratamento seja avaliado individualmente pelo médico e, acima de tudo, que os hipertensos reforcem medidas de prevenção, como se distanciar socialmente. O que vale, aliás, para portadores de doenças cardiovasculares no geral.

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