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EDUCAÇÃO

Ireuda vai levar ações contra violência e importunação sexual para escolas públicas

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A vereadora e presidente da Comissão da Mulher da Câmara Municipal de Salvador (CMS), Ireuda Silva (Republicanos), participou na manhã desta terça-feira, 4, do programa “Isso é Bahia”, da rádio A TARDE FM, apresentado pelos jornalistas Jefferson Beltrão e Fernando Duarte, e concedeu uma entrevista exclusiva ao Portal A TARDE.

Durante a entrevista, Ireuda revelou um projeto de expansão, para as escolas, da campanha ‘O meu corpo não é sua fantasia’, ação de conscientização contra violência e importunação sexual realizada no Carnaval de Salvador, criada pela edil em 2019. “Esse ano eu começo com um trabalho nas escolas, levando o tema ‘O meu corpo não é sua fantasia’, porque isso não é um assunto só para o Carnaval. Se você auxiliar uma jovem de oito, nove, 10 anos, você dará para ela um entendimento do que é o corpo, que é dela e que não deve ser tocado indevidamente”, explica Silva.

A vereadora afirma que, além das escolas, o projeto deve chegar às festas privadas. “Queremos fazer esse trabalho dentro das escolas e vamos ampliar para as demais festas (privadas), pois, em todo lugar tem homem que é machista e que acha que os corpos das mulheres não merecem respeito, e que, se ele estiver com desejo sexual, pode, indevidamente, possuí-los”, denuncia a vereadora do Republicanos.

Questionada sobre informações de bastidores, que apontam que o vice-prefeito deve vir do Republicanos, Ireuda fala de “consideração”.  “Eu acredito que não só o Republicanos, como os outros partidos estão nessa caminhada, conversando para ocupar o espaço de vice-prefeito. O Republicanos, em especial, é um partido que tem sua força, que cresceu e que tem mostrado para que veio, está incluído nesse diálogo. Eu acredito que é preciso considerar. Não é o prefeito que rende votos ao vereador, é o contrário, o vereador que rende votos ao prefeito. Então, tem que haver uma consideração, um olhar benéfico e um tratamento aos partidos que apoiam o prefeito ACM Neto (DEM). O Republicanos é um partido de respeito que cumpre sua palavra. O Republicanos apoiou o prefeito e vem apoiando em todas decisões; eu acho que isso deve ser valorizado”, avalia a presidente da Comissão da Mulher da CMS.

Sobre a possível ida do presidente da Câmara Municipal de Salvador (CMS), Geraldo Júnior (SD), para o Republicanos, Ireuda diz recebeu a informação pela mídia e cita os quadros do partido que podem compor a chapa com Bruno Reis (DEM). “Existem muitas falácias nesse período, mas precisamos ter algo que seja seguro para passar. Eu fiquei sabendo pela mídia, essa questão do Geraldo Júnior (SD) migrar para o Republicanos. Mas não sei disso ao certo, nem pelo presidente do partido e nem do próprio Geraldo Júnior (SD). Temos o vereador Luiz Carlos, o deputado federal João Roma, o presidente do partido, o deputado federal Márcio Marinho e citam o meu nome, então, eu acredito que a conversa está sobre o que melhor para o partido e para a cidade de Salvador”, pontua Ireuda.

 

A vereadora falou sobre o machismo e o racismo que enfrenta de forma velada e por vezes expressa através de tentativa de silenciamento e de críticas. “É uma luta muito grande ainda, e olha, eu posso falar com propriedade que ela mal começou. Por que os nossos antepassados, os que lutaram para que hoje eu,  enquanto mulher negra, possa estar como uma parlamentar, eles tiveram que desbravar muita coisa. Foi aberta apenas uma fresta. São 43 vereadores e quantos são negros? Quantas mulheres negras temos ali? Tem eu lá, que muita gente trata como a única negra preta, pelo tom da pele. Todos os dias eu tenho que me preparar para vencer essa batalha. E digo para você que encontro um machismo estrutural de todas as partes. É um machismo cruel, obsessor, que afirma que nós mulheres não podemos contribuir com nossa sociedade. Porque a mulher na política é uma contribuição muito grande”, assevera a parlamentar.

Ireuda afirma fala da desigualdade e desproporção entre homens e mulheres nos espaços de poder, que é mais um reflexo do machismo.  “Não podemos trocar os papéis e vir a fazer com os homens o que eles fizeram com as mulheres no passado. Nós queremos contribuir, eu quero contribuir para minha nação e não tomar o lugar dos homens. Você acha que com 43 cadeiras na CMS, é necessário que tenha apenas oito mulheres ali, eleitas aos trancos e barrancos. É preciso entender o papel da mulher na política. É preciso que uma reparação, que as mulheres tenham espaço, independente de cor e de raça”, ressalta Silva.

Ireuda defende que sejam implantadas e ampliadas políticas públicas para os bairros da periferia, que sofrem com a violência e com a educação de baixa qualidade.

“A política é plantação, você planta uma semente e os outros é que colhem. Eu falo do futuro, de nossa geração que precisa encontrar um futuro melhor, diferente do que temos hoje. Se você prender hoje 100 jovens, 99 serão negros, e o que leva a isso, é a cor da pele? Não é, é a falta de condição para aprimorar sua capacidade. Pela cor da pele ele já sofre com estereótipo, por usar um boné, porque a nossa sociedade já nos vê como bandidos. E por que nos vê como bandido? Porque eles não oferecem um ensino de qualidade. É preciso que as políticas públicas gerem transformação, para quando chegarmos nas comunidades, não encontrarmos o número de jovens negros mortos que temos hoje. Jovens negros sendo mortos por envolvimento com o tráfico de drogas, porque não tiveram uma estrutura anterior. Não tiveram a capacidade de chegar à frente e competir com o branco que estudou e vencer, conseguir passar por essas portas de ferros que nós temos nos dias de hoje. Conseguir se empregar, ter um emprego digno e dar outra dimensão para sua família”, desabafa a vereadora do Republicanos.

 

Evangélica e membro da Igreja Universal do Reino de Deus, Ireuda fala da perseguição que sofre por processar a fé em Jesus Cristo; e cita o caso recente, em que sua imagem foi utilizada em grupos de whatsapp para ofendê-la e escarnecerem de sua fé. “Eu fico me indagando muito, qual o problema de acreditar em Deus? No que irei prejudicar alguém? Eu acredito em Deus e isso é incômodo para algumas pessoas, elas começam a rotular título de igreja, eu não levo isso comigo. Eu levo Deus, o Deus que conheci e que preenche minha vida. Foi bom tocar nesse assunto pois estão compartilhando minha foto em grupos de whatsapp, tratando da igreja onde eu congrego, a Igreja Universal do Reino de Deus. Eu congrego na Universal, foi lá que eu entendi o que significa Deus e o valor que ele tem; e hoje é ele quem me conduz. antes disso eu estava vazia, oprimida. E depois que eu tive essa consciência, dada por Deus, sou uma outra pessoa, agora te pergunto, que mal eu vou criar a alguém por isso? As pessoas precisam entender melhor as coisas, não estou aqui para criticar a fé, que nem é religião. Sabe, não há nenhum problema em termos homens e mulheres cristãos na Câmara Municipal de Salvador, isso não é opressão para ninguém, isso eu garanto”, assevera a Silva.

 

Ireuda afirma ser contra a intolerância religiosa e cita trabalho na Casa e em festas seculares. “Eu não posso interferir na escolha de uma outra pessoa, eu não tenho esse direito. Não tenho porque nem Deus fez isso. A palavra livre arbítrio é liberdade, para que você faça o que melhor lhe aprouver. É preciso separar isso, essa questão da fé, porque quando você crer em Deus, isso se torna um problema, principalmente  dentro e nas questões políticas. Eu sou cristã, e lutei para aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e de Combate à Intolerância Religiosa. Estou aqui hoje vestindo a camisa, tratando do tema: ‘O meu corpo não é sua fantasia’. Eu sou cristã, isso me impediu de fazer esse trabalho, de conscientizar as mulheres lá dentro do circuito de Carnaval?  Quando eu faço um trabalho como esse, e no ano seguinte, essas mulheres criando essa consciência, não teremos centenas de mulheres grávidas sem saber quem é o pai e nem aborto de uma crianças que são jogadas no lixo. Como vemos neste período”, lembra a vereadora de Salvador.

informações do Portal A TARDE

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